MPGO e PRF desarticulam organização criminosa que comercializava rebite; cerca de meio milhão de comprimidos foram apreendidos

Cerca de 90% das apreensões de anfetamina feitas em rodovias do País ocorreram em Goiás

O Ministério Público de Goiás (MPGO) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deflagraram, na manhã desta terça-feira (10/12), uma operação conjunta para combater organização criminosa especializada na produção, distribuição e comercialização de comprimidos de anfetaminas, popularmente conhecidos como “rebite” – drogas sintéticas utilizadas por motoristas profissionais para inibir o sono e permitir a realização de longas jornadas de trabalho. Conforme apontado pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPGO, Carlos Luiz Wolff de Pina, os resultados da operação têm impacto na saúde pública e na segurança viária.

Durante entrevista coletiva realizada na sede do MPGO, foram apresentados alguns números da operação: foram cumpridos 24 mandados de prisão preventiva, 4 mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão. Além disso, foi autorizado judicialmente o sequestro/apreensão de bens imóveis, veículos, ativos virtuais (criptomoedas) e valores mantidos em contas bancárias na ordem de R$ 320 milhões, envolvendo 45 pessoas físicas e jurídicas investigadas. O cumprimento das ordens judiciais foi conduzido pelo Gaeco, a Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e a PRF em Goiás.

Os mandados foram cumpridos nos Estados de Goiás, Tocantins, Bahia e São Paulo, nos municípios de Anápolis (GO), Trindade (GO), Goianira (GO), Ceres (GO), Rialma (GO), Porangatu (GO), Campinorte (GO), Mara Rosa (GO), bem como na cidade de Talismã (TO), Luís Eduardo Magalhães (BA) e Salto (SP). Também foi cumprido mandado de prisão contra detento na Unidade Prisional Regional de Nova Crixás (GO). Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara de Garantias de Goiânia.

Além de aparelhos celulares, insumos, objetos e maquinários para a fabricação da droga, foram apreendidos cerca de meio milhão de comprimidos. Segundo apontado pelo superintendente da PRF em Goiás, Tiago Queiroz, esse valor é significativo, tendo em vista que, em 2023 e ao longo de 2024, haviam sido apreendidos nacionalmente cerca de 370 mil comprimidos. Durante a operação, foram identificados três locais utilizados para a fabricação e armazenamento dos entorpecentes.

Participaram da operação 268 policiais rodoviários federais e 96 integrantes do MPGO, incluindo 29 promotores de Justiça e 46 servidores, além de cães farejadores treinados para localizar entorpecentes.

Cerca de 90% das apreensões de anfetamina feitas em rodovias do País ocorreram em Goiás

As investigações, conduzidas pelo Gaeco com auxílio da PRF, tiveram início a partir de verificação feita pela PRF do alto índice de apreensões feitas no Estado, tendo sido constatado que cerca de 80 a 90% das apreensões de anfetaminas em todo País acontecem no Eixo Centro-Oeste. Assim, a partir do trabalho de investigação e inteligência feito pelo MPGO, ficou demonstrado que a organização criminosa investigada possui ramificações em diversas regiões de Goiás e, também, em outros Estados, com expertise na fabricação, produção e distribuição de comprimidos de “rebite”.
As apurações indicam ainda que o grupo criminoso contava com uma estrutura de integrantes que financiavam a produção e fabricação em larga escala de comprimidos de “rebite”. A organização contava com uma rede de distribuição e revenda da droga para várias partes do País, gerando a movimentação de centenas de milhões de reais nos últimos anos. Segundo detalhado pelo promotor Paulo Parizotto, integrante do Gaeco, está sendo também apurada a prática dos crimes de lavagem de bens e capitais, já que foram verificadas empresas diversas em nome dos envolvidos, em ramos como transporte, imobiliária e restaurante.

Além dos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, aquisição de maquinários e objetos destinados ao tráfico, financiamento do tráfico e lavagem de dinheiro, a operação visa desestruturar financeiramente os integrantes da organização criminosa. A apuração terá continuidade, com a análise do material apreendido e a oitiva dos presos, para possibilitar o oferecimento de denúncia.