A atenção do público está se voltando cada vez mais para produtos e serviços que reduzem os impactos ao meio ambiente. Isso é o que mostra o “Guia de Tendências 2020-21 sociedade e consumo em tempos de pandemia”, publicado pelo Sebrae. E nos últimos anos, os biocosméticos têm conquistado um número expressivo de pessoas, principalmente os Millenials e a Geração Z, que querem consumir de marcas alinhadas aos seus valores e que preservem a natureza.
Também conhecidos como cosméticos naturais, os biocosméticos são produtos sem conservantes sintéticos, sem uso de adubos químicos no cultivo de suas matérias-primas, sem minerais ou ingredientes artificiais ou ingredientes de origem animal e que utilizam a biodiversidade de maneira sustentável (consumo verde). Além disso, a maioria deles não são testados em animais e geram menos impacto ecológico, como o menor descarte de resíduos tóxicos e poluição do ar.
“De maneira geral, eles são uma boa escolha principalmente para quem tem pele sensível, pessoas alérgicas e que sofrem ao entrar em contato com determinados ingredientes de produtos convencionais, como conservantes (metil e propilparabeno). Podem ser usados por todas as pessoas que buscam consumir produtos de forma sustentável, não havendo contraindicações”, afirma a biomédica pós-graduada em Saúde Estética, Ana Clara Brathwaite.
Segundo informações do Caderno de Tendências 2019-2020 publicado pelo Sebrae e Abihpec em 2019, 29% dos brasileiros preferem comprar de empresas com práticas sustentáveis e 75% dos millennials esperam ações sustentáveis das marcas de cosméticos. O relatório cita uma pesquisa global feita pela Nielsen na qual os entrevistados disseram estar dispostos a pagar mais por produtos feitos com ingredientes naturais (42%), com materiais ecologicamente corretos (39%) ou sustentáveis e de empresas com responsabilidade social (31%).
Para a biomédica, as vantagens desses produtos são que eles estimulam a recuperação natural do tecido cutâneo – repondo nutrientes essenciais para a saúde da pele – e, por serem à base de produtos naturais, possuem uma maior compatibilidade cutânea, com menores chances de reações alérgicas. Mas, mesmo assim é indicado o acompanhamento de um profissional para prescrever fórmulas para cada tipo de pele (oleosa, mista, seca ou sensível) e objetivos.
Potencial das espécies do Cerrado para a produção de biocosméticos
O cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e estima-se que tenha mais de 6 mil espécies de árvores, sendo uma das regiões de maior biodiversidade do mundo. Por ser uma região com condições extremas de temperatura e escassez de água, as plantas produzem muitos metabólitos secundários. Dentre as classes mais encontradas nas plantas do cerrado (e de interesse cosmético) estão os flavonoides, alcaloides, saponinas e taninos.
“Os flavanoides e alcaloides possuem atividade antioxidante e podem ser utilizados em formulações antienvelhecimento; as saponinas possuem potencial espumante e podem reduzir o uso de tensoativos em xampus e os taninos podem ser utilizados como adstringentes. Algumas espécies podem ser utilizadas como corantes e seus óleos como essências, ou em substituição dos parabenos quando possuem propriedades antimicrobianas. Porém, o uso das espécies deve respeitar estudos de toxicidade e potencial irritativo dos extratos na pele”, diz a biomédica.
Naturais ou orgânicos?
Ana Clara explica que os biocosméticos são divididos em cosméticos naturais e orgânicos, levando em conta que o Instituto Biodinâmico (IBD) classifica como naturais os produtos com pelo menos 5% das matérias-primas certificadas como orgânicas, enquanto os outros 95% da composição da formulação não necessitam de certificação orgânica, desde que sejam 100% naturais.
“Já os orgânicos são os produtos que possuem pelo menos 95% dos ingredientes utilizados na sua fabricação certificados como produtos orgânicos. Nesses casos, os insumos devem ser tratados com adubos orgânicos, respeitar as 12 relações biológicas entre o solo, água, animais e plantas, não podem ser tratados com antibióticos, hormônios de crescimento, agrotóxicos ou modificação genética. Os processos devem ser feitos com energia renovável e as embalagens devem ser fabricadas com produtos biodegradáveis”, finaliza a biomédica.