Como harmonizar vinho com pratos típicos de Goiás

O consumo de vinho no Brasil tem desafiado as tendências globais de declínio, mostrando um aumento significativo nos últimos anos. Segundo o relatório da Diretoria de Agronegócio do Itaú BBA, os brasileiros adquiriram 430 milhões de litros de vinho em 2020, um crescimento de 18,4% sobre 2019, marcando o maior volume em duas décadas. Mais de 50 milhões de brasileiros, cerca de 36% da população adulta, consomem a bebida regularmente, em comparação com os Estados Unidos, embora esse número seja inferior à média europeia, indicando um vasto mercado a ser explorado.

Paralelamente, observa-se uma mudança no perfil de consumo de vinho no Brasil, com um aumento na demanda por rótulos de melhor qualidade. Em 2021, os  vinhos finos ultrapassaram as vendas de vinhos de mesa, destacando uma preferência crescente por produtos de alta qualidade. Essa tendência é confirmada pelos dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), que apontam uma venda de 217 milhões de litros de vinhos finos, superando os 205 milhões de vinhos de mesa.

No cenário vinícola de Goiás, a preferência dos goianos inclina-se fortemente para vinhos tintos robustos e encorpados, com especial apreço por variações como Malbec, Tanat e Cabernet Sauvignon, predominantemente oriundos do Chile e da Argentina. A informação é do sommelier e curador do Wine Day, José Anjos.  “A demanda por vinhos encorpados reflete o gosto regional por sabores intensos, que também se manifesta em nossa culinária tradicional”, destaca Anjos.

Como harmonizar vinho com pratos típicos de Goiás

A harmonização de vinhos com a culinária goiana, notadamente com ingredientes locais como pequi e gueroba, envolve uma análise cuidadosa de sabores e aromas. José Anjos  destaca que o desafio se deve principalmente à natureza fortemente aromática do pequi e ao amargor da gueroba, que podem dominar o paladar se não forem devidamente balanceados com o vinho certo.

Para pratos que levam pequi, Anjos sugere vinhos aromaticamente ricos, como o Torrontés. “Este vinho possui características que complementam bem o forte aroma do pequi, fazendo com que seja ideal para pratos como galinha caipira com pequi ou simplesmente pequi com arroz”, explica ele. Essa escolha não apenas equilibra, mas também realça os sabores, criando uma experiência gastronômica harmoniosa e agradável.

Além disso, Anjos ressalta a importância de experimentar e aprender sobre a interação entre vinhos e comida. “A escolha do vinho certo pode transformar uma refeição, elevando os sabores naturais dos ingredientes e oferecendo uma nova perspectiva sobre pratos tradicionais”, explica o especialista ao detalhar que  a abordagem não só enriquece a experiência culinária, mas também aprofunda o conhecimento cultural e gastronômico dos envolvidos.

Wine Day é uma oportunidade de aprender sobre o mundo dos vinhos

O evento Wine Day em Goiânia, que acontece no dia 18 de junho, contará este ano com a participação especial da vinícola Luigi Bosca, que enfrentou um ano de desafios e sucesso. As vinhas, localizadas em Luján de Cuyo e Valle de Uco, produziram uvas que prometem excelentes vinhos, graças à diversidade climática que alternou entre períodos de calor e umidade, proporcionando as condições ideais para o desenvolvimento das videiras.

Este ano, a vinícola destaca-se pelo bom equilíbrio de álcool e acidez das uvas brancas e rosé, além de um perfil frutado e intenso nas uvas tintas como Pinot Noir e Merlot, elementos que refletem o cuidado no manejo agronômico e a qualidade do terreno. José Anjos destaca a importância de Luigi Bosca no evento, explicando que  é uma oportunidade única para os entusiastas do vinho entenderem melhor os processos de vinificação e as escolhas por trás de seus vinhos favoritos. O especialista enfatiza  a rica experiência de aprendizado e conexão pessoal que o evento promove entre consumidores e produtores.