Fazendo a cabeça delas

As tiaras com flores fazem a cabeça das mulheres durante o Festival Italiano de Nova Veneza. Inspiradas nos trajes da mulher camponesa italiana, que costumava  enfeitar os cabelos com tranças, fitas coloridas e outros adornos, elas são uma evolução e um resgate desse costume. Os responsáveis pela propagação dessa cultura através da moda são artesãs da cidade, que preparam diferentes modelos para venda nos estandes da festa.

 

Nesta retomada pós-pandemia, o evento será entre os dias 04 a 07 de agosto. A realização é da Prefeitura de Nova Veneza, com patrocínio da Enel Distribuição Goiás, por meio da Lei de Incentivo à Cultura/Goyazes. Tem também apoio da Câmara Municipal da cidade, Governo de Goiás, Secretaria de Estado da Cultura, tendo como correalizador o Sesc-GO.

 

Marcelle Camargo, de 25 anos, faz tiaras e diademas típicas da Itália para serem comercializadas durante o Festival Italiano de Nova Veneza desde 2016. A ideia foi da avó, que já fazia artesanatos variados e sugeriu que a neta a ajudasse com os adornos de cabeça. “Nós fomos desenvolvendo os modelos ao longo dos anos, observando os existentes no evento e com a internet também”, conta a jovem, que também estará com um estande no evento, dessa vez sem a presença de sua querida avó, que faleceu recentemente.

 

Marcelle explica que faz a diadema, apenas para colocar na cabeça, e também a tiara, que é para ser amarrada. Ambos os modelos tem fita de cetim e flores. “As vendas são boas, pois o público quer entrar no clima do evento e ter algo do festival”, revela ela, que é formada em Moda e revelou que a faculdade ajudou na harmonização das cores para a produção dos adornos, a qual começa cerca de três meses antes da festividade.

 

Outra expositora será de Jéssica Nunes Souza, de 27 anos, que venderá suas peças pela primeira vez no 16º Festival Italiano de Nova Veneza. Ela começou a fazer artesanato no início da pandemia, para ter uma renda extra e seguir em casa cuidando da filha pequena. Jéssica aprendeu a fazer as tiaras pela internet e a faz toda de cetim. Ela explica que adaptou o modelo que faz. “Fiz um modelo que nunca vi sendo vendido no festival, com flores menores, pois ficam mais delicadas e pode-se usar no dia a dia”, revela a moradora da cidade.

 

Na história
Do vestuário típico italiano, fazem parte os adornos de cabeça. A herança veio das camponesas da região do Tirol Histórico (atual Província de Trento) do final do século XVIII e início do século XIX. Embora cada vale tivesse seus trajes particulares, os vestidos femininos mantinham características comuns a toda a área alpina tirolesa. No dia-a-dia, a roupa de trabalho das mulheres consistia de um vestido simples com um corpete fechado na frente por uma fila vertical de botões e uma longa saia até os tornozelos, com um avental por cima. Completando o traje, vestia-se um xale de seda ou bordado sobre os ombros, amarrado na frente ou nas laterais do vestido. Caso não utilizassem o chapéu, as mulheres enfeitavam os cabelos com tranças, fitas coloridas e outros adornos.