As gêmeas siamesas Valentina e Heloá foram separadas em cirurgia realizada nesta quarta-feira (11/01) no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia. Embora o caso seja considerado muito complexo, tendo durado cerca de 15 horas , o procedimento ocorreu dentro do esperado pelos profissionais, sem intercorrências graves. A conclusão de toda a cirurgia foi às 00h10 desta quinta-feira, quando Heloá, a última a sair da sala de cirurgia, deu entrada na UTI, onde as duas permanecerão por vários dias.
De acordo com Zacharias Calil, a cirurgia pode ser considerada uma das mais complexas já acompanhadas por ele e envolveu a participação de mais de 50 profissionais de diversas especialidades, muitos deles voluntários. “Nós já prevíamos um elevado grau de dificuldade devido ao grande número de órgãos compartilhados pelas irmãs, mas felizmente conseguimos superar todas as intercorrências que surgiram durante a cirurgia”, comemorou o médico.
O cirurgião pediátrico explica que um dos fatores de sucesso do procedimento foi a longa preparação ao longo do acompanhamento e procedimentos junto às meninas, incluindo a colocação de expansores de pede para permitir o fechamento da grande abertura no abdômen das meninas. “As gêmeas ganharam peso e cresceram após a última cirurgia de implantação de expansores há cerca de sete meses e isso foi fundamental para dar segurança para nossa equipe realizar mais essa cirugia de separação “, disse. Com esta, Zacharias Calil e equipe completam 22 cirurgias de separação de siameses, todas realizadas em hospitais públicos com recursos do SUS.
Zacharias Calil lembra que as irmãs eram unidas pelo tórax, abdômen, bacia, fígado, intestinos delgado e grosso, e genitália. Foram dois anos de acompanhamento e preparação para que tudo ocorresse bem. “Além de uma equipe de especialistas de várias áreas, nós contamos com uma infraestrutura de um hospital de ponta, com todo aparato necessário para nos dar segurança para uma cirurgia tão complexa”, destacou. O hospital é do governo de Goiás mantido pelo sistema SUS e é equipado com tecnologias as mais avançadas disponíveis no mercado.
Segundo Zacharias Calil, as irmãs apresentaram alterações em órgãos internos que não foram possíveis de detectar pelos exames, principalmente na região pélvica e bexiga, exigindo correção nodecorrer do processo cirúrgico. “Temos uma grande experiência nesse tipo de cirurgia e para nós não foi surpresa encontrar situações inesperadas durante o procedimento e essa experiência nos ajudou a contornar todos esses obstáculos “, comentou.
Heloá e Valentina
Naturais de Guararema, no interior do estado de São Paulo, Valentina e Heloá se mudaram para Goiás com os pais para Morrinhos, no interior de Goiás, há dois anos, para facilitar o deslocamento até Goiânia. As irmãs já completaram 3 anos e 3 meses de idade. Elas são gêmeas isquiópagas, ou seja, siamesas unidas pela bacia.
Fernando Oliveira, pai das crianças, comemorou o resultado da cirurgia realizada pela equipe do cirurgião Zacharias Calil. “Graças a Deus foi concluída a separação e agora vamos aguardar as próximas etapas e colocar nas mãos de Deus para que o restante ocorra tudo bem”, afirmou.