Saber identificar e comunicar sobre suas emoções, aprender a lidar com conflitos, ter atitudes empáticas em relação ao outro, assumir responsabilidades e ter autonomia são algumas habilidades socioemocionais do ser humano que, nos últimos anos, vêm ganhando relevância dentro do ambiente escolar e fora dele. Tradicionalmente dedicadas ao desenvolvimento intelectual dos alunos, as escolas agora compreendem cada vez mais a importância do desenvolvimento da inteligência emocional e envolvem as famílias para que compreendem e invistam nesta faceta do desenvolvimento.
É que, embora a capacidade de processar informações e desenvolver o conhecimento acadêmico seja importante, estudos chegaram à conclusão de que ele, sozinho, não basta. Segundo o psicólogo, escritor e Ph. D. de Harvard, Daniel Goleman, ela só é responsável por 20% do sucesso da vida de um adulto. O restante advém de suas habilidades socioemocionais, que ele batizou como Quociente Emocional (QE).
“Infelizmente, nós nos deparamos hoje com grandes profissionais, cientistas e empresários muito capazes intelectualmente em suas áreas, mas com importantes desafios no âmbito socioemocional. As habilidades socioemocionais são fundamentais para que as demais áreas se desenvolvam também com a efetividade e qualidade esperada”, confirma a psicóloga Cida Corrêa, diretora da escola canadense Maple Bear Goiânia, que ofereceu aos pais de alunos um workshop sobre o tema.
A escola adota o modelo educacional dentro da perspectiva holística, por isso, além de suas atividades integradas voltadas para os alunos, também cria oportunidades psicopedagógicas para apoiar as famílias nessa tarefa.
A psicóloga Thaís Nascimento, convidada para ministrar o workshop, lembrou que a escola é responsável por apenas 22% das horas úteis da criança ao longo da semana, por isso, é muito importante que as famílias estejam alinhadas com a escola nessa missão.
“A gente percebe que a família, envolvidos em tantas obrigações e compromissos em sua rotina, muitas vezes têm dificuldade no desempenho de seu papel”, comentou. Para ajudar aos pais, ela deixou algumas dicas práticas para ajudá-los nesse processo:
Desenvolva o autoconhecimento – os pais são os primeiros a precisarem aprender a nomear seus sentimentos para conseguir ajudar os filhos a também alcançarem o autoconhecimento. Afinal, são o exemplo e o espelho. É preciso identificar para si mesmos quando estão angustiados, preocupados, chateados para entenderem melhor suas reações às mais diversas situações.
Coloque a criança em seu papel de aprendiz – os filhos não nascem prontos, eles são aprendizes e precisam de orientação durante a infância. Não espere que eles mudem de comportamento sozinhos, eles precisam que alguém lhes ensine o que fazer nas mais diversas situações.
Ensinar o filho não é fazer por ele – é comum que os pais fiquem com pena dos filhos e lhes ofereça auxílio, quando isso não é necessário. Deixá-los guardar os brinquedos, arrumar a própria cama, ainda que não o façam com maestria em razão da idade, é um exercício que vai além do propósito de ajudar a família na organização do lar. “Você ajuda a reconhecer sua capacidade, a entender que pode ser autônoma e se sentir empoderada
Faça perguntas – Thaís Nascimento estimulou que os pais, na hora de orientar os filhos, façam perguntas, ao invés de simplesmente dizer o que a criança deve fazer. “Resposta dada não é resposta aprendida, resposta vivenciada é resposta aprendida”, compara. Ela diz que, a criança pode não responder de imediato um questionamento, mas irá refletir sobre ele, o que é muito importante para seu aprendizado.