Muito mais do que contribuir para o cenário de uma bela foto, pesquisas mostram que a presença de árvores em ambientes urbanos responde diretamente pelo bem-estar emocional e a saúde mental das pessoas. Um desses estudos é da engenheira agrônoma, pós-doutoranda em Engenharia Civil e Arquitetura e pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT-SP), Giuliana Del Nero Velasco, que em 2007 comprovou, em sua tese de mestrado, que áreas com maior porcentagem de vegetação proporcionam uma redução de até 2 graus celsius na temperatura. Já pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, demonstraram que os prédios com cobertura vegetal poderiam reduzir em até 30% a poluição de uma cidade.
Esses e outros estudos fizeram com que um bom projeto paisagístico e de jardinagem fosse um valioso atrativo para empreendimentos imobiliários nas grandes cidades. Assim, a arquitetura biofílica ou design biofílico, que projeta ambientes e espaços que conectem as pessoas à natureza, mesmo nos centros urbanos, é uma tendência forte nos mais modernos e luxuosos residenciais. É o que explica o experiente arquiteto e paisagista Benedito Abbud, com mais de 50 anos de trabalho, que esta tendência de trazer a natureza para dentro do tecido urbano é séria e cresce no mundo inteiro.
“As cidades se tornaram locais de alta amplitude térmica, ou seja muito quentes ou muito frias, com pouca vegetação, e é extremamente necessário diminuir essa diferença, com a inserção de vegetação esse ambiente melhora a saúde física e mental das pessoas. Até porque estar abraçado pela natureza na cidade também faz bem para o corpo e para mente”, diz.
O experiente arquiteto relata que a vegetação reduz as ilhas de calor e explica que essas ilhas de calor só existem dentro das cidades por conta do concreto, edificações e asfalto que propagam o calor de forma mais intensa. Outro problema sério do final do século de 19 até hoje é que os centros urbanos estão mais rodoviaristas, ou seja, a partir da utilização dos carros foram construídas cada vez mais pistas asfálticas para circulação dos veículos.“A cidade está cada vez mais árida para a vida humana. Então se chegou à conclusão que a cidade deve ser retomada para as pessoas”.
Goiânia
Esse foi o propósito de seu mais recente projeto para Goiânia, o Cidade Opus. Embora seja considerada a capital com mais verde do Brasil, segundo o mapeamento do IBGE, ainda assim a metrópole pode aumentar sua cobertura verde, trazendo maior bem-estar para a população. O empreendimento será um exemplo de como a biofilia pode se harmonizar perfeitamente com design sofisticado e tecnologias de moradia.
Desenhado para ser um life center completo (para morar, trabalhar e conviver), o projeto traz uma proposta de mixed-use que agrega várias referências arquitetônicas nacionais e internacionais. São três torres, uma com residências compactas de luxo, outra com salas e lajes corporativas e uma terceira com volumetria. Para fazer essa conexão entre natureza e um empreendimento feito para morar, conviver e trabalhar, Benedito Abbud vai liderar o projeto que será referência em Goiânia.
O Cidade Opus cupará um terreno de 7 mil metros quadrados entre as Avenidas 85 e Mutirão, e fica bem de frente à Ricardo Paranhos. Uma região de alta confluência urbana, quente e com pouca natureza. Diferente dos empreendimentos comuns, o térreo do empreendimento abrigará um boulevard de compras. Será uma quadra aberta, onde o acesso ocorre por vários lados, o que permitirá uma fruição urbana, onde as pessoas possam passar, usar e aproveitar. Para isso, as plantas assumirão um protagonismo no projeto, pois serão elas que irão garantir o sombreamento e isolamento acústico das vias.
“É uma gentileza urbana, que será disponibilizada para a população da região, e está enquadrado dentro das mais novas tendências internacionais de relacionamento de um imóvel com a cidade”, define Abbud. O arquiteto explica que no projeto de paisagismo foram usadas prioritariamente espécies nativas, que foram pensadas para a região, mas também espécies que enaltecessem os sentidos humanos, ou seja, que se destaquem aos olhos com as flores, frutíferas para o paladar e para os pássaros que vão fazer a trilha sonora do empreendimento.
O olfato será instigado pelas plantas aromáticas e o tato com a relação sombra e sol, que a pessoa vai ter conforme ela vai andando pelo empreendimento. “O projeto paisagístico do Cidade Opus foi pensado como um percurso que você entra pelos locais e conforme vai andando se tem uma surpresa, uma sensação de beleza”, diz o arquiteto. Abbud, que possui mais de seis mil projetos paisagísticos no currículo, também foi o idealizador do Cidade Matarazzo, um empreendimento que se tornou uma referência em São Paulo.