Artista indígena utiliza moda e arte como ferramenta de resistência e luta identitária

O artista visual e designer de moda Indígena Rodrigo Tremembé foi escolhido para compor a equipe de identidade visual da Bienal Internacional do Livro do Ceará, o maior evento Literário do estado. Rodrigo que é originário do povo Tremembé, de Itarema no Ceará, já havia sido recentemente convidado a expor uma de suas artes na exposição “Turn It Around- Flashcards for Education.” Na sede da UNESCO, em Paris, sendo o único brasileiro e Indígena, ao lado de outras 70 artistas de 44 países ao redor do mundo. Sobre a Bienal do livro do Ceará Rodrigo afirma que:

“Poder ocupar espaços através da minha arte, da arte de meu povo Tremembé é garantir a perpetuação de uma Cultura milenar. É poder demarcar espaços além dos territórios físicos da minha aldeia.”

A arte e ativismo andam lado a lado nas obras de Rodrigo, suas peças são carregadas de simbologias e significados e expressam toda cultura do povo Tremembé. O jovem de 25 anos, ver na arte a oportunidade de ampliar vozes dos povos Indígenas em busca da garantia e promoção de direitos originários:

“Ver os Grafismos e pinturas do meu povo em todos os espaços do Centro de Eventos do Ceará no maior evento de Literatura cearense, a Bienal Internacional do Livro do Ceará é possibilitar a ampliação de vozes originárias, pois quando, eu enquanto jovem, artista e estilista Tremembé ocupo esse local de fala e protagonismo, levo comigo toda uma aldeia, lideranças, anciões, juventude, crianças, e sobretudo a voz de meus ancestrais que já se foram para outra dimensão. Através da minha voz eu ocupo e amplio a identidade dos povos Indígenas.”, Afirma .

A presença Indígena em espaços da sociedade na região nordeste é um ato de resistência, haja vista, todo um processo de apagamento e tentativa de etnocidio na região durante a história (fruto do processo de colonização). Por muito tempo lhes foram negados os direitos e tampouco se via a valorização da cultura de Povos Indígenas em locais de destaque,  desse modo, a moda Indígena de Rodrigo Tremembé vem como um arco e flecha que mira no preconceito, na discriminação e no racismo contra Povos Indígenas. Rodrigo faz uma simbiose com a moda, costurando o moderno ao ancestral, onde as roupas mais que vestir corpos, vestem mentes e contam histórias:

“ Ocupar espaços se faz necessário, nossas roupas não falam, mas diz muito sobre quem somos, através delas podemos contar histórias, descolonizar corpos e mentes.”

Ele nos fala que ao levar elementos da cultura Tremembé para a identidade visual da Bienal do livro do Ceará viu a oportunidade de “escrever” a história de seu povo e imprimir por meio das pinturas e Grafismos a presença Indígena nesses espaços.

 

O que é a bienal?

De 11 a 20 de novembro, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em parceria com o Instituto Dragão do Mar (@institutodragaodomar), realiza a 14ª edição da Bienal do Livro com tema “De toda gente para todo o mundo”, Centro de Eventos do Ceará.

 

Identidade Visual do evento:

A identidade visual da 14ª Bienal Internacional do Livro do Ceará traz como inspiração a temática “De Toda Gente para Todo Mundo” em um encontro com as riquezas culturais e naturais da nossa terra. Os grafismos da cultura Tremembé combinados a elementos afetivos e da fauna e flora falam da gente e para a gente!

 

A diversidade presente nos traços e cores é apresentada através de uma ancestral que nos guia para os caminhos e encontros da educação e da cultura, a Mãe-Literatura.

 

A Identidade Visual da 14ª Bienal Internacional do Livro do Ceará foi realizada através do Laboratório de Criação do Centro de Design do Ceará, um equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante.

Quem é Rodrigo Tremembé?

Nascido e residente na Aldeia Corrégo João Pereira, Itarema, Ceará, Rodrigo Tremembé, 25, é artista visual com atuação na área da moda indígena. Idealizador do Coletivo Juventude Tremembé do Córrego, diretor criativo da Marca de vestuários Indígena “Tremembé”, que leva o nome de seu povo. É membro dos coletivos Tamain Conectada (JIC). Arte indígena e Juventude Indígena

Um dos autores do livro “Mecunã Kérupi Ané / Imagens de Povos Indígenas do Ceará.”, da “Revista Inspiração Teen”, edição 2021, das edições do mês de março e outubro de 2022, da Revista Cenarium, e das exposições “Sussurros Ancestrais” no memorial da Reitoria do IFCE e “Turn It Around/Flashcards for Education” pela Arizona State University na sede da UNESCO, em Paris.