O policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o aniversariante. A vítima, Marcelo Arruda, é guarda municipal e celebrava seus 50 anos de idade com temática do Partido dos Trabalhadores (PT). O crime aconteceu em Foz do Iguaçu (PR) e foi cometido por um bolsonarista.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, ao invadir a festa que aconteceu neste sábado (9/7), o atirador gritou “aqui é Bolsonaro”. Em suas redes sociais, Guaranho demonstrava apoio às pautas defendidas pelo presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Mesmo ferido, a vítima, que também é tesoureira do PT, ainda atirou contra o policial. Um dos filhos da vítima, presente na festa, disse que o pai atirou com medo de mais pessoas serem atingidas.

Arruda foi socorrido, mas morreu no hospital. Ele deixa mulher e quatro filhos, incluindo um bebê. Filiado ao PT, foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo partido em 2020.

O atirador também ficou ferido e foi socorrido. Há divergências sobre o estado de saúde de Guaranho. A Polícia Civil informou que o estado de saúde dele é grave, mas a delegada do caso contou que ele está estável.

Festa de petista tinha convidados bolsonaristas

A festa de aniversário do tesoureiro do PT Marcelo Arruda tinha cerca de 40 convidados e o aconteceu por volta das 23h. Guaranho chegou ao local em um carro branco. No banco de trás, estavam sua mulher e uma criança de colo. Ele não conhecia o aniversariante e não foi convidado para a festa, segundo relatos. Guaranho começou a xingar os participantes e a gritar “aqui é Bolsonaro”, de acordo com testemunhas e com o boletim de ocorrência.

De acordo com amigos da vítima, inicialmente, os convidados acreditaram que se tratava de algum amigo de Arruda.

Ainda segundo relatos, após bate-boca na porta da festa, Guaranho deixou o local. Com medo, Arruda foi até seu carro e voltou com uma pistola, relata Alliana. Cerca de 15 ou 20 minutos depois, Guaranho voltou para a festa, sozinho e armado.

“A esposa do Marcelo, que é policial civil, tentou impedir que ele entrasse na festa. Nisso, o cara começou a atirar. Atingiu o Marcelo na perna e no peito. O Marcelo também conseguiu atirar nele”, diz o amigo da vítima.

Autoridades políticas repercutem morte do tesoureiro do PT

O episódio em Foz do Iguaçu acendeu a luz vermelha para a intolerância política nas eleições durante a campanha eleitoral neste ano.

O secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, afirmou que os indícios são de que o crime foi motivado por intolerância política.

“Pelo que a gente percebeu, foi uma intolerância política”, disse o secretário.

O PT lamentou a morte do guarda municipal e diz que tem alertado sobre a escalada de perseguição a parlamentares e filiados a legendas de esquerda no país.

“Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se transformando em agressores ou assassinos”, disse o partido.

O presidente Jair Bolsonaro quebrou o silêncio sobre o assassinato do guarda-civil petista Marcelo Arruda, atacado a tiros por um de seus seguidores fanáticos em Foz do Iguaçu (PR) e se pronunciou sobre o caso somente na madrugada de ontem (10/7) em texto que ataca a esquerda.

“Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos”, escreveu ele. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre Moraes, também lamentou o caso.

“A intolerância, a violência e o ódio são inimigos da Democracia e do desenvolvimento do Brasil. O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos 3 Poderes.”

Em nota, o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, afirmou que o episódio reforça a necessidade de unidade das instituições, inclusive dos partidos, em torno da civilidade. “Cabe aos líderes políticos darem exemplos de paz e tolerância para que o ambiente eleitoral seja pacífico, alinhado aos pilares da democracia e nos conduza às soluções de que a sociedade precisa”, disse.

Com Informações do G1