Com alta demanda por casamentos, costureiras podem faturar até R$ 30 mil por mês na confecção de vestidos de noiva

Cerca de um milhão de casais celebram o casamento todos os anos, segundo dados Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). Mas nesse ano, o volume deve ser maior em razão da pandemia. Levantamento do órgão aponta que houve um  represamento de mais de 230 mil casamentos registrados nos anos de 2020 e 2021, o que pode elevar o número de matrimônios em 47% no primeiro semestre de 2022 na comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme a associação que representa todos os cartórios de registros civis, nestes primeiros seis meses do ano, o Brasil pode bater 624 mil casamentos.

A movimentação aquece a economia do setor de eventos e também traz oportunidade a uma profissão centenária: as costureiras. São elas as responsáveis por um dos principais coadjuvantes do momento: o vestido de noiva. Independente do tamanho das cerimônias, ele é sempre um item de destaque nas celebrações. A peça que habita o imaginário de muitas mulheres, além de encher os olhos de quem vê, movimenta o mercado das profissionais.

A costureira Marcela Bastos, de 31 anos, especialista em vestidos de festa e de noivas, conta que a agenda de seu ateliê está cheia até o mês de setembro deste ano, em razão das demandas das nubentes. “A procura pelos vestidos de festa aumentou bastante nesse último ano. E como faltam profissionais qualificados e diferenciados para esse tipo de trabalho, quem tem técnica e conhecimento se destaca. Um vestido de noiva chega a ter preço médio de R$ 8 mil a R$ 9 mil. A costureira pode pegar cerca de dois por semana e ter uma renda muito boa, uns R$ 30 mil por mês, é um mercado muito bom”, afirma ela.

Mês das noivas

Neste mês de maio, Marcela ministra um curso de alta costura para noivas no Espaço Integrado de Moda, no Shopping Estação Goiânia, em que repassa seus conhecimentos e orienta outras profissionais técnicas refinadas para a confecção dos vestidos, do atendimento, passando pela criação, modelagem e, por fim, corte e costura.

Com cinco alunas na turma, ela destaca que a valorização das profissionais de costura passa pela profissionalização e qualificação. “As pessoas estão valorizando cada vez mais um bom corte, um bom acabamento, um atendimento diferenciado, a personalização das peças, então nós temos que estar preparadas para essas exigências e, consequentemente, entregar o melhor trabalho”, ressalta.

Marcela fala ainda sobre a mudança no perfil da profissional costureira, que no passado era apenas uma extensão das tarefas do lar mas, ao longo dos anos, virou um ofício importante por dar autonomia e independência financeira para as mulheres.

“Antigamente, as costureiras eram vistas como pessoas velhas. Eu mesmo quando comecei, aos 12 anos, achava que não era para mim, que era coisa de senhoras, mas nunca mais parei E, para o futuro, as perspectivas estão melhores, justamente em razão do mercado estar mais consciente, pensando na engenharia das peças, valorizando a produção manual e individualizada”, afirma ela, que acredita no sucesso dos próximos anos de trabalho.