“Candidato fantasma”. Esse foi o termo usado por alguns dos candidatos participantes do primeiro debate eleitoral para o governo de Goiás ao se referir ao candidato à reeleição Ronaldo Caiado (União Brasil), que não compareceu ao evento realizado na noite desta última quinta-feira (25), no estúdio de TV da UNIALFA, em Goiânia. Organizado pelo Portal 6, em parceria com o UOL, o debate teve transmissão ao vivo pelo Youtube e redes sociais desses respectivos portais de notícia. O evento marca os sete anos de fundação do Portal 6, que nasceu em Anápolis, e sua expansão da área de cobertura para todo o estado de Goiás.

Antes, os cinco candidatos que compareceram, Cíntia Dias (PSOL), Edigar Diniz (Novo), Gustavo Mendanha (Patriota), Major Vitor Hugo (PL) e Wolmir Amado (PT), participaram de coletiva que também foi transmitida pelas redes sociais. Além de responder às perguntas feitas pelos jornalistas, eles parabenizaram o Portal 6 e o UOL pela realização do evento e apresentaram de forma sintética os destaques principais de seus planos de governo. Também na coletiva, quando já se tinha a confirmação oficial de que o candidato Ronaldo Caiado não compareceria ao debate, os demais postulantes à cadeira no Palácio das Esmeraldas criticaram a ausência do atual governador. À organização do evento, a assessoria do governador afirmou que ele estava em um evento em Brasília e não conseguiria voltar a tempo para participar do debate.

“Lamento o governador e candidato à reeleição não estar. Não sei porque ele foge desse debate e vejo nessa atitude um desrespeito aos outros candidatos que se dispuseram a vir, aos organizadores, mas sobretudo um desrespeito à população de Goiás”, criticou Gustavo Mendanha, que ocupa o segundo lugar na preferência do eleitorado goiano, segundo as últimas pesquisas de intenção de votos para o governo do Estado. O último levantamento do Ipec, divulgado no dia do debate, apontou o atual governador com 48% das intenções de voto, contra 21% registrado para o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia. Aos jornalistas, Mendanha falou que, se eleito, buscará um governo inteligente e moderno, tanto em sua gestão como na infraestrutura. “Teremos um Estado inteligente, levaremos fibramento ótico para todos os 243 municípios goianos, câmeras inteligentes, que em Aparecida [de Goiânia] reduziram a criminalidade. Vamos levar conectividade às pessoas e empresas e com isso fomentar o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado”, afirmou Gustavo.

Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal e candidato a governador pelo PL, Major Vitor Hugo, também criticou a ausência de Caiado ao debate realizado pelo Portal 6 e pelo UOL. “Fico triste por essa ausência do governador, o que ao meu ver, demonstra um desrespeito debate, pela democracia e sobretudo um desrespeito ao povo de Goiás”, lamentou o candidato, que conforme pesquisa do Ipec divulgado no dia 25 de agosto registrava 4% das intenções de voto. Sobre suas propostas, o candidato disse que montará um governo altamente técnico e que replicará em Goiás muitas das ações do governo Bolsonaro, que segundo ele deram muito certo. “Minha disputa pelo governo de Goiás não é personificada contra alguém, é uma disputa pela melhoria do Estado. Temos o apoio do presidente Bolsonaro que tem e sempre teve por Goiás, o Estado que ele mais visitou ao longo do seu governo, um carinho especial”, destacou major Vitor Hugo.

Programas de governo
Durante a coletiva, os demais candidatos que participaram do debate também sintetizaram o perfil de seus programas de governo. Cíntia Dias falou em um governo realmente representativo da classe trabalhadora e elencou os temas trabalho, combate à fome e promoção da vida como prioridade nos seu governo. Aos jornalistas, o candidato Wolmir Amado defendeu um governo inclusivo e sustentável e também definiu como prioridades em seu programa de governo o combate à fome, a ampliação da defesa das classes mais vulneráveis socialmente, da preservação do meio ambiente, fortalecimento da agricultura familiar no Estado e aplicação de 2% do orçamento estadual para Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Já Edigar Diniz defendeu que sua proposta de governo irá trazer esperança e a verdade para a política em Goiás. Ele defendeu a montagem de uma equipe de governo altamente técnica e que seria selecionada por um setor de Recursos Humanos. Edigar também condenou o que chamou de “tradicionais alianças políticas” que, segundo ele, fazem a gestão pública ficar refém de conchavos e esquemas de corrupção.

Cordialidade
Dividido em cinco blocos e mediado pelo jornalista Rafael Tomazetti, do Portal 6, o debate teve muitos confrontos de ideias, mas transcorreu num clima de cordialidade. O embate mais intenso foi registrado somente entre os candidatos Major Vitor Hugo e Edigar Diniz, quando este último questionou a atuação de seu concorrente na Câmara Federal e as poucas e mal aplicadas verbas que o parlamentar teria conseguido para Goiás. Major Vitor Hugo respondeu que trouxe para o Estado mais R$ 324 milhões em emendas orçamentárias e alegou que Edigar “precisaria aprender melhor o que um deputado federal faz”.

O primeiro bloco foi destinado à apresentação dos candidatos que também responderam a seguinte pergunta: “Por que desejo governar o estado de Goiás?”. Na segunda parte do debate, os candidatos fizeram perguntas entre si, no terceiro bloco foi a vez dos jornalistas Pedro Hara (Portal 6) e Eduardo Militão, da editoria política do UOL, fazerem perguntas aos candidatos. No quarto bloco, os candidatos voltaram a fazer perguntas entre si e o quinto e último bloco foi destinado às considerações finais da cada um. As perguntas feitas pelos candidatos eram de tema livre e entre os temas mais abordados estavam saúde pública, desenvolvimento econômico, educação, segurança pública, geração de energia, defesa do meio ambiente e agronegócio.

Saúde, educação e agro
Gustavo Mendanha, ao fazer e responder as perguntas, apontou, segundo ele, as deficiências que o atual governo teria em diversas áreas. Na saúde, ele destacou que o governador de Ronaldo Caiado não regionalizou de fato o atendimento à saúde, e prometeu que construirá cinco hospitais e propôs a criação do teleatendimento médico. O sistema de tele consulta também foi defendido pelo candidato Edigar Diniz que falou em “levar mais transparência” para a gestão da saúde.

Na educação, o candidato Wolmir Amado defendeu a destinação de 2% do orçamento para garantia da autonomia financeira e administrativa da UEG e também falou na revisão da matriz curricular dos colégios militares. “Além da questão da disciplina, temos que ter uma educação dialética”, afirmou. Wolmir e Cintia Dias, durante o debate criticam o que chamaram de incoerência entre um estado com uma agricultura forte e com um superávit de R$ 80 milhões, mas que convive com cerca de 1 milhão de pessoas com insegurança alimentar. “O agro em Goiás hoje só assegura segurança alimentar para os porcos e o gados que são exportados para a China”, disse a candidata ao criticar, segundo ela, as ausências de políticas do atual governo para combate à fome e incentivo da da agricultura familiar.

Enel
A questão energética, em especial a ineficiência da Enel para geração e distribuição de energia elétrica, também foi alvo de críticas. Perguntado pelos jornalistas sobre o tema, Walmir Amado disse que o questionamento deveria ser destinado ao “candidato fantasma”, se referindo à ausência de Ronaldo Caiado. Ele defendeu uma revisão do contrato de privatização da antiga Celg, que após ser vendida passou a ser chamada de Enel. Sobre esse tema, o candidato Gustavo Mendanha afirmou que foram milhares de empresas que deixaram Goiás, ao longo dos últimos anos, por causa dessa insegurança energética no Estado. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia também disse que o atual governador não ofereceu nenhuma política eficaz para atrair novas empresas para o Estado.

A infraestrutura e o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) que Goiás aderiu em 2021 foram os temas que mereceram especial atenção do candidato Major Vitor Hugo. Uma das principais críticas feitas por ele ao atual governo do estado, foi a falta de capacidade de alocar bem os recursos levantados com o RRF. “Temos, por exemplo, em Anápolis uma excelente estrutura de logística que conta até com um aeroporto de cargas, mas que o atual governo não conseguiu fazer funcionar. Porém, destinou R$ 225 milhões para propaganda oficial.

Via Anderson Costa