Turismo abraça a arquitetura em containers, em Pirenópolis

A busca por desenvolvimento e consumo sustentável vêm sendo levados cada vez mais a sério pela população, que vem se conscientizando pouco a pouco. Pesquisa recente da Opinion Box mostra que 62% dos brasileiros ouvidos levam o fator da sustentabilidade em consideração em um momento de decisão de compra, sendo que desses, 26% levam muito em consideração.

 

O conceito de sustentabilidade refere-se ao princípio da busca pelo equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e a exploração deles por parte da sociedade. Ou seja, visa equilibrar a preservação do meio ambiente e o que ele pode oferecer em consonância com a qualidade de vida da população. O termo em evidência já é uma realidade em Pirenópolis, localizada a 130 km de Goiânia e a cerca de 150 km de Brasília. O Moriá Village, projeto anexo ao complexo Shambala Piri, em meio às serras de Pirenópolis, é o primeiro condomínio com construções modulares para temporada na região. Ele conta com 20 mil metros quadrados de vegetação, fauna e flora natural.

 

Instalada em uma área de 20 mil metros quadrados (m²), a menos de sete minutos de carro do centro histórico, a estância tem um projeto inovador que, no total, terá 12 cabanas de hospedagens em containers. Hoje, quatro delas já estão em pleno funcionamento. Duas, a Green Roof Lodge e a Summer Glass Home, foram lançadas recentemente e já são sucesso na região, sendo conhecidas como cabanas das galáxias, por incentivar a contemplação da natureza e do céu noturno. O local também já conta com a Sunset Rooftop House e a Pop-up Tiny House.

 

Só pela estrutura modular, o espaço já demonstra a sua preocupação ambiental, visto que as construções mais comumente encontradas no Brasil, em alvenaria, exigem um tempo maior para a execução da obra e muitas vezes são responsáveis por grande geração de resíduos, como entulhos e materiais não aproveitados nas obras.

 

De acordo com o empreendedor da área do turismo e desenvolvedor da estância Moriá Village, Jacob, os containers utilizados na hospedagem são reutilizados, advindos dos portos brasileiros e ficam prontos para a hospedagem em aproximadamente três meses, sendo que se a construção fosse feita em alvenaria seria necessário pelo menos o dobro do tempo. “Além de todas as vantagens, como o tempo menor de construção, a facilidade no isolamento térmico e acústico, a preparação da hospedagem, também ressalto que a casa pode ser deslocada prontamente. Para o transporte das cabanas é necessário apenas carreta e guincho, não há qualquer dano de demolição, por exemplo”, explica.

 

Ações de sustentabilidade

Com paredes frontais e laterais em vidro, que garantem uma vista privilegiada das montanhas, matas e demais atrativos naturais do Cerrado, as hospedagens modulares dispõem de diversas medidas que reforçam a sustentabilidade no local, como o telhado verde. A estrutura é uma cobertura de plantas e um telhado ecológico que tem ganhado cada vez mais espaço nas construções, que privilegiam o meio ambiente. No caso do Moriá Village, é utilizada vegetação nativa do Cerrado, o que garante um aproveitamento melhor da luz do sol, bem como mais conforto térmico e frescor para dentro das hospedagens.

 

Outros dois pontos importantes são a ecofossa e o reaproveitamento de água. Jacob aponta que a ecofossa instalada no local garante quase 90% de purificação da água que consegue retornar ao lençol freático. “Os dejetos caem em um reservatório, onde passarão por um processo de decomposição natural, por meio de bactérias. Ao final de aproximadamente seis meses, o material poderá ser usado para adubação das plantas do condomínio”, detalha.

 

A água dos ofurôs das cabanas também é reaproveitada. Pensando nisso, o empreendedor conta que é orientado aos hóspedes que não utilizem óleos corporais ou até filtros solares, para que não haja contaminação. “Essa água é usada na irrigação do paisagismo. Os amenities, como shampoo e condicionador, são veganos e distribuídos em embalagens ecológicas, atendendo à nossa visão de pleno respeito à natureza”.

 

Jacob destaca, ainda que, no local, que já foi uma área de pastagem, o complexo turístico está conduzindo um amplo reflorestamento e replantio de árvores. O reflorestamento do espaço faz parte de uma parceria com o programa ProFloresta, da Universidade Federal de Goiás (UFG). “O terreno onde fica o Moriá Village era de pastagem, mas estamos fazendo o caminho contrário. Nosso projeto é de reflorestamento, de comunhão com o meio ambiente. Agora, em razão do replantio de árvores, já temos novamente a presença de animais. Quem chega por aqui vê araras, tucanos, tatus, beija-flores”. Já foram plantadas mais de mil mudas de árvores típicas do Cerrado. A ideia é ocupar 40% da área com árvores nativas, iniciando pelas áreas ao redor do empreendimento e, posteriormente, incluindo as espécies entre as casas.

 

Cabanas integradas à natureza

Com a proposta de interação com a natureza, a magia do céu noturno se faz presente nas hospedagens do Moriá Village, proporcionando experiências noturnas em meio ao meio ambiente. Mais do que apreciar o céu, a Green Roof Lodge e a Summer Glass Home, por exemplo, vão oferecer aos visitantes a possibilidade de resgatar práticas ancestrais, como acender uma fogueira para aquecer alimentos ou preparar uma refeição na churrasqueira e no disco de arado, enquanto contempla as estrelas.

 

Mas as opções não param por aí. Na Green Roof Lodge, por exemplo, ainda é possível relaxar no ofurô que, diferentemente das banheiras, tem o propósito de aquecer o corpo, relaxar músculos e órgãos internos e ativar a circulação, principalmente quando aliado ao aroma dos sachês de ervas e óleos essenciais.

 

Já na Summer Glass Home, ainda dá para curtir um cinema. Para os dias mais frios, saborear um delicioso fondue e um bom vinho sob o luar também pode ser uma boa pedida e fica por conta da criatividade de cada hóspede que tem a disposição uma cozinha equipada. Sem contar a possibilidade de manusear um telescópio para observar mais a fundo o céu estrelado, este será outro atrativo.

 

“Existe um novo comportamento do público adepto às hospedagens de veraneio. Além da curiosidade de vivenciar a experiência proporcionada no campo, boa parte busca reconfigurar a vida através da imersão na natureza, desacelerar e adequar ao ritmo do campo. As pessoas estão cada vez mais coesas às ideias de sustentabilidade e à valorização dos aspectos culturais de cada região”, destaca Jacob.